A soja não geneticamente modificada tem contratos de até US$ 10 por saca a mais na próxima safra
A soja convencional está com prêmios históricos. O ano de 2022 foi muito positivo para os produtores, mas 2023 poderá ser ainda melhor. Nesta safra, o país fez o menor plantio da história de soja livre de transgenia, apenas 800 mil hectares, mas os preços de negociação estão sendo recordes. Na média, a saca está sendo comercializada com valores de US$ 6 a US$ 7 por saca acima da soja geneticamente modificada.
Esses valores praticamente já estão garantidos também para a próxima safra, mas já há contratos sendo feitos com prêmio de até US$ 10 (R$ 50), dependendo do volume e da logística.
Eduardo Vaz, coordenador executivo do Instituto Soja Livre, diz que a rentabilidade líquida da soja convencional atingiu R$ 2.667 por hectare na safra 2021/22, um valor R$ 1.110 superior ao da transgênica.
Os bons preços deste ano estão compensando a produtividade inferior à obtida pela geneticamente modificada de 3,75 sacas e o custo 3% superior.
A produção de soja convencional foi de 2,75 milhões de toneladas. Já a área total de soja do país, incluindo convencional e geneticamente modificada, superou 40 milhões de hectares nesta safra, com produção de 123 milhões de toneladas.
Os prêmios estão elevados devido à redução de produto nesta safra. Além de área menor, houve seca e quebra de safra em várias regiões do país. Isso ocorre em um momento em que a demanda por alimentos com base em proteína vegetal cresce. Além disso, há uma procura maior pelas indústrias, segundo Rodrigo Brogin, pesquisador da Embrapa Soja e membro do conselho fiscal do Instituto Soja Livre.
Vaz e Brogin acreditam na evolução da área plantada em 2022/23. A demanda está aquecida, os custos dos insumos químicos estão elevados e a rentabilidade da soja convencional é atraente. Mas há um gargalo: a disponibilidade de semente. Para Vaz, há pelo menos um volume suficiente para a manutenção de área deste ano. Ele espera, no entanto, que Mato Grosso consiga aumentar a área em 15%.
Apesar de a soja convencional ser um nicho de mercado, com a Europa sendo o principal mercado, o produtor muda fácil a chave de produção e deve optar mais pela soja convencional, afirma Vaz. Para Brogin, o Instituto Soja Livre, criado pela Embrapa e pela Aprosoja/MT em 2017 , tem a função exatamente de ir adequando a necessidade dos produtores.
Há 12 anos, a Embrapa vem fazendo uma melhora e adaptação das cultivares convencionais, que tinham rendimentos menores e períodos mais alongados de safra. Hoje as variedades convencionais competem com as geneticamente modificadas, segundo o pesquisador. Além de colocar no mercado variedades precoces, a Embrapa cuida da sanidade, rendimento e adaptação das cultivares.
Um papel importante do Instituto Soja Livre também é o de difundir informações, tanto para os produtores nacionais como para o mercado externo. Para este, é preciso mostrar que país ainda tem potencial para a soja convencional, afirma Brogin.
O instituto faz, ainda, uma ponte entre produtores e sementeiras, para que haja garantia de oferta de semente conforme os interesses do agricultor.
O pesquisador da Embrapa acredita que, com a entrada de grandes tradings nesse mercado, e o Brasil sendo uma boa opção para a soja convencional, o mercado vai crescer.
FONTE: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2022/05/soja-livre-paga-ate-r-50-a-mais-por-saca.shtml