Abiove projeta aumento semelhante, para 151 milhões de toneladas
A produção brasileira de soja deverá alcançar 151,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, 20% mais que em 2021/22, segundo a Datagro. Em evento realizado nesta segunda-feira em São Paulo, a consultoria estimou que a área plantada com o grão vai aumentar 3% e chegar a 43 milhões de hectares, e que o rendimento médio das lavouras vai se recuperar após a quebra deste ano na região Sul e em parte de Mato Grosso do Sul. “A área plantada pode ser até 6% maior. Mas tudo vai depender do comportamento do clima no Centro-Sul do país, que pelo terceiro ano seguido terá La Niña, com chuvas abaixo do padrão”, disse Flávio Roberto de França Júnior, coordenador de grãos da consultoria Datagro.
Milho
No caso da produção de milho de verão, a consultoria projeta queda de 2% da área em 2022/23, para 4,5 milhões de hectares. Já a colheita, com aumento de produtividade, deverá aumentar 3%, para 28,8 milhões de toneladas. “Os custos de produção do milho, principalmente com insumos, que pesam mais na comparação com a soja, vão reduzir a área de verão do cereal”, disse França Júnior. Para a área da safrinha da temporada 2022/23, a Datagro projeta incrementos de 4% da área, para 18,7 milhões de hectares, e de 2% da produção, para 92,6 milhões de toneladas. “Como estamos em ano de La Niña, é importante destacar que essas são projeções conservadoras. O volume de colheita poderá ser maior caso o clima colabore”, ressaltou o coordenador de grãos da Datagro.
Vendas de soja estão atrasadas, diz Abiove
O agricultor brasileiro vendeu 15% da produção de soja esperada para a temporada 2022/23, estima a Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (Abiove). O ideal seria que pelo menos 40% da safra estivesse negociada neste momento, segundo o presidente da entidade, André Nassar, mas vendedores e compradores estão receosos em relação ao resultado do ciclo. “Nós devemos plantar 42 milhões de hectares, mas, por outro lado, temos uma incerteza climática em meio a um La Niña radical e que vai perdurar até o início do plantio. As vendas antecipadas podem ganhar ritmo a partir do início do plantio”, afirmou Nassar, durante o evento da consultoria Datagro. Segundo Nassar, o cenário de incerteza também preocupa as tradings, fato que desestimula as vendas antecipadas de soja. “No ano passado tivemos uma venda antecipada muito forte, quando as empresas conseguiram travar os preços. Mas agora há uma incerteza muito grande no mercado de fretes, o diesel irá se manter nesse patamar de preço atual?”, questionou.
Para Azael Pizzolato Neto, presidente da Associação dos Produtores de Soja de São Paulo (Aprosoja-SP), o ritmo de vendas antecipadas abaixo do ideal pode ser explicado pela piora na relação de troca com alguns insumos. “A relação de troca ainda está ruim, com 30 sacas de soja para 1 tonelada de cloreto. Os custos subiram mesmo com os níveis históricos de preços e por isso a palavrachave para o início desta safra será planejamento”, pontuou.
Oferta de adubos assegurada
A oferta de adubos no Brasil para a safra 2022/23 está garantida, afirmou hoje Ricardo Tortorella, diretor-executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). “Os produtores superaram a fase de inquietação com a oferta, provocada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. De janeiro a junho, as importações aumentaram 16% em comparação com o ano passado, quando as compras foram recorde”, disse ele durante o evento. Tortorella lembrou que os preços dos fertilizantes já estavam em alta do conflito. “As cotações das commodities subiram no mundo inteiro, e a demanda por fertilizantes, assim os preços do insumo, aumentaram por causa disso”, afirmou. “O Plano Nacional de Fertilizantes pode mudar esse cenário, mas ele ainda está em construção”. Para Christian Lohbauer, presidente da CropLife Brasil, com a oferta de nutrientes garantida, o problema da safra 2022/23 será a lucratividade. “Não vejo problemas de abastecimento no horizonte, mas as margens serão mais curtas e permanecerão assim por mais tempo. Agora é hora de centrar o foco na gestão da propriedade e dos insumos”, finalizou.