Soja encerrou o dia perto da estabilidade
O preço do trigo na bolsa de Chicago subiu nesta quinta-feira, após a Rússia colocar em dúvida a manutenção do corredor de exportações ucranianas de alimentos pelo Mar Negro. Os contratos para dezembro, que são os mais negociados, avançou 1,13%, a US$ 8,9225 por bushel, e os papéis de segunda posição, para março do ano que vem, subiram 1,06%, a US$ 9,085 por bushel.
Em entrevista à Reuters, o embaixador russo na Organização das Nações Unidas (ONU), Gennady Gatilov, deu a entender que, caso o Ocidente não alivie as sanções ao país, o Kremlin pode decidir pelo fim do acordo com a Ucrânia. Além disso, a Rússia fez um ataque de drone na região de Kiev e atingiu um edifício residencial no sul do país, segundo as agências internacionais. A ação teria matado vários civis.
Trigo
“As manchetes do meio da manhã reorientaram o mercado para os fundamentos de oferta e demanda novamente”, disse Arlan Suderman, analista da StoneX, em nota à Dow Jones Newswires. As cotações também refletiram a decisão do Departamento de Agricultura americano (USDA) de reduzir de 16,6 milhões para 15,68 milhões de toneladas sua estimativa para os estoques de trigo do país em 2022/23. Analistas ouvidos pelo jornal “The Wall Street Journal” esperavam que o corte no relatório que o órgão publicou ontem fosse mais acentuado, para 15,32 milhões de toneladas.
Milho
No mercado de milho, os contratos para dezembro fecharam em alta de 0,69%, a US$ 6,9775 por bushel. Já os papéis de segunda posição, para março do ano que vem, subiram 0,71%, a US$ 7,05 por bushel. A cada ataque russo fica mais evidente que o acordo para transporte de grãos pela região do Mar Negro não será renovado, dizem analistas. “Isso tornaria mais incerto o destino das exportações de milho da Ucrânia”, afirma a consultoria argentina Granar, em relatório. De acordo com o USDA, a Ucrânia deve exportar 15,5 milhões de toneladas nesta safra 2022/23, quase metade do volume do ciclo anterior, quando o país embarcou 27 milhões de toneladas.
Soja
A soja encerrou perto da estabilidade, mas sem direção única. Os contratos para novembro, os de maior liquidez na bolsa de Chicago, caíram 0,02%, a US$ 13,9575 por bushel, e os lotes de segunda posição, para janeiro do ano que vem, subiram 0,04%, a US$ 14,055 por bushel. Ontem, o USDA reduziu suas estimativas de colheita no país de 119,6 milhões para 117,4 milhões de toneladas. Por outro lado, o órgão elevou sua perspectivas de colheita no Brasil de 149 milhões para 152 milhões de toneladas. “Apesar de o momento atual ser delicado, em um contexto mais amplo, ainda há boa expectativa para a safra 2022/23, principalmente se considerarmos as projeções para a colheita do grão na América do Sul”, afirma o analista Ruan Sene, da Grão Direto. “Isso deve continuar pressionando as cotações em Chicago ao longo das próximas semanas, período em que o mercado permanecerá atento ao plantio no Brasil, Argentina e Paraguai”. A avaliação do Itaú BBA é outra. Em nota à Dow Jones Newswires, o banco diz que os preços da soja não devem recuar muito porque o quadro de oferta e demanda está bastante apertado. “Economias mais fracas, taxas de juros mais altas e o comportamento dos compradores chineses podem afetar a demanda”, ponderam os analistas da instituição. No começo da semana, os americanos venderam 526 mil toneladas à China. Hoje, os exportadores dos EUA negociaram 264 mil toneladas com os chineses e 242 mil toneladas com outros destinos.