Empresa fez aporte de R$ 100 milhões na América do Sul em 2022 e vem ampliando a capacidade de suas fábricas de fertilizantes foliares no Brasil
Assim que comprou a Compass Minerals na América do Sul e a Fertiláqua dois anos atrás, a israelense ICL decidiu focar na via do crescimento orgânico na região e vem ampliando a capacidade de suas fábricas de fertilizantes foliares no Brasil para atender uma demanda que cresce na casa dos dois dígitos ao ano por aqui.
Os investimentos de 2023 estão garantindo a expansão da unidade de produção de Polyblen, um fertilizante especial de liberação lenta, e da planta de Sulfurgran, um pastilhado de enxofre com boro, ambas em Jacareí (SP), com aumentos de 20% nas capacidades. No ano passado, a ICL investiu R$ 70 milhões na América do Sul, valor que foi direcionado em um spray dryer para produzir quelatos na fábrica daSulfurgran em Suzano (SP).
“Possivelmente ainda vamos ampliar mais um pouco o nível de investimento. Considerando a relevância da região, a tendência é provavelmente que se amplie, sim”, afirma Gustavo Vasques, CEO da ICL na América do Sul.
Com os ativos adquiridos há dois anos, a região ganhou peso na ICL. A companhia vende hoje US$ 2 bilhões na América do Sul, de US$ 10 bilhões de receita global do último ano.
Na região, a empresa busca aproveitar um crescimento tanto da base de produtores que começam a se interessar pelo uso de insumos além dos convencionais em suas lavouras, como do aumento da demanda daqueles que já foram conquistados.
Maior mercado sul-americano, apenas o comércio de fertilizantes foliares e organominerais do Brasil avançou 15% no ano passado – sem contar outros mercados de fertilizantes especiais em que a ICL também atua.
Novos Produtos
Para se manter “na boca” do agricultor, a ICL busca lançar novos produtos todo ano. A estratégia tem dado frutos, tanto que 40% da receita da empresa é garantida por produtos lançados nos últimos cinco anos. Em 2022, lançou três novos: um fertilizante fosfatado, um biofertilizante para o café e uma formulação para tratamento de sementes com patente requerida pela empresa.
Além disso, com a consolidação da ICL na América do Sul, a companhia começou a vender na região o polissulfato que produz em uma mina no Reino Unido, e a exportar produtos desenvolvidos no Brasil a mercados como Israel e Japão. O plano agora é expandir essas trocas comerciais com outros países. “Temos uma fila longa de mais 13 países para os quais vamos exportar produtos que desenvolvemos e fabricamos aqui”, diz Vasques.
Quando os investimentos em curso neste ano estiverem concluídos, o executivo avalia que a ICL alcançará uma “boa capacidade” para absorver o crescimento esperado para os próximos três a quatro anos. “Concluídos estes investimentos em Jacareí, esta fase de investimentos estará encerrada”.
A próxima etapa de aportes ainda está sendo definida, mas não deve arrefecer.
Globalmente, a ICL vem apostando na aquisição de startups para crescer em soluções digitais. Uma delas, a AgMatix, foi desenvolvida em Israel para auxiliar os produtores na prescrição de soluções em nutrição vegetal e fisiologia. O executivo não descarta mais aquisições no próprio setor de fertilizantes especiais.
Por Camila Souza Ramos — De São Paulo 15/05/2023