Brasil e Estados Unidos têm recordes nas exportações do agronegócio, mas custos interferem no setor de alimentos
Os elevados preços das commodities agrícolas engordam o saldo comercial dos principais países exportadores. Por trás dessa conta, porém, as receitas dos produtores se estreitam e as despesas dos consumidores se ampliam. A bonança acabou, e a conta não fecha.
Os números dos dois principais países participantes do mercado mundial de alimentos, os Estados Unidos e o Brasil, indicam o salto agrícola.
Os dados mais recentes do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimam o recorde de US$ 191 bilhões em exportações no ano fiscal 2021/22 (de outubro a setembro).
Há dois anos, quando Donald Trump ainda se achava dono do mundo e interferia no mercado agrícola dos norte-americanos, as exportações ficavam em apenas US$ 139,7 bilhões.
Os números do Ministério da Agricultura do Brasil não ficam atrás. Os dados mais recentes, referentes aos últimos 12 meses terminados em abril, registraram exportações de US$ 133 bilhões, 33% a mais do que há dois anos.
Nos anos recentes, o produtor se aproveitou dessa grande evolução dos preços, obtendo boas receitas. O cenário mudou, e os consumidores vão continuar pagando preços elevados pelos alimentos e os agricultores poderão passar para margens negativas.
Nesta terça-feira (31), o Usda divulgou dois dados importantes que mostram o desempenho do setor: a evolução dos preços recebidos pelos produtores e o aumento dos custos de produção. A situação não difere da do Brasil e indica um cenário completamente diferente do que vinha ocorrendo.
Em abril, os produtores norte-americanos receberam 28% a mais pelos seus produtos, em relação a igual mês de 2021. No caso dos grãos, a alta foi de 17%. No das carnes, 40%.
Os custos, no entanto, chegaram pesados, com alta de 17% nos últimos 12 meses. Os preços médios dos alimentos continuam em patamares elevados, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, e a alta dos custos veio para se estender por um período longo.
Assim como os produtores brasileiros, os norte-americanos sofrem o peso da evolução de energia, combustíveis, fertilizantes e químicos. O setor não estava habituado a números tão elevados.
Nos últimos 12 meses, os fertilizantes subiram, em média, 71% nos campos dos Estados Unidos. Para essa safra que está sendo semeada, o setor já estava preparado, mas esses custos vão pesar ainda mais forte na próxima. Assim como ocorre no Brasil.
Os combustíveis subiram 61% em 12 meses; as máquinas agrícolas, 21%; e os químicos, 16%. A inflação média do país no período foi de 8,3%.
No Brasil, onde os custos seguem padrão semelhante ao dos Estados Unidos, os preços ensaiaram uma queda neste mês. Dos 12 principais produtos agrícolas acompanhados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), apenas três tiveram elevação, em relação a abril: algodão, trigo e arroz. O café manteve preços estáveis.
As principais quedas no mês passado foram as das carnes. A suína recuou 23%, e as de frango e de boi ficaram 4% mais baratas.
O trigo, ainda influenciado pelas turbulências do mercado internacional, que vão de seca a guerra, ficou 11,5% mais caro no mercado brasileiro no mês passado, segundo o Cepea.
Trigo O plantio atinge 61% da área que será destinada ao cereal no Paraná. Na avaliação do Deral (Departamento de Economia Rural), 98% das lavouras estão em bom estado.
Safra A área cai, mas a produtividade aumenta. Os paranaenses devem semear 1,17 milhão de hectares com trigo, 4,3% a menos do que na safra anterior.
Safra 2 Já a produtividade sobe para 3.309 quilos por hectare. Dentro de condições normais de clima, o estado deverá colher 3,9 milhões de toneladas, estima o Deral.
Safrinha A colheita do milho atinge 2,4% da área plantada em Mato Grosso, segundo o Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).
Safrinha 2 A área semeada foi de 6,32 milhões de hectares, com potencial de produtividade de 104 sacas por hectare. Com isso, o Imea estima uma safra de 39,5 milhões de toneladas, acima dos 33 milhões do período anterior.