Chama atenção notícia veiculada pelo Jornalista Luiz Antonio Cintra, publicada no Globo Rural do dia 05.11.2023, com o título de “Agro do Brasil opera com baixo apoio estatal em relação a outros países”, ratificando o que aqui, reiteradamente afirmamos: O agro brasileiro não é subsidiado.
A reportagem nos informa que, segundo a OCDE, entre 2020 e 2022, os governos injetaram nas suas atividades rurícolas US$ 851 BILHÕES por ano, exatamente para garantir renda para os seus agricultores. Veja, e foi sublinhado, não para garantir suprimento alimentar, mas, sim, para garantir renda e proteger os rurícolas locais.
Destes aportes de subsídios, 36% foram feitos pela CHINA, 15% pela índia, 14% Pelos EUA e 13% pela União Europeia, totalizando 76% de todos os valores. Não há informação sobre os porcentuais do Japão, que são números tradicionalmente importantes (não será menos de 10%). O Brasil aparece neste estudo com 3.1%, mas de empréstimos. Vale dizer, não há desembolso de fato, mas tão somente financiamentos que são pagos pelo setor primário. O que nos autoriza dizer: de fato não subsidiamos!
Apesar de ser esta a realidade – nosso porcentual quase inexistente – ao contrário, somos líderes disparados nas críticas ao Setor Primário. Palavras vertidas pela ignorância, de quem, pasmem, vê a China como modelo de País. Horrenda contradição: é o País que mais subsidia (36% do total) e que menos critica seus agricultores.
E não será inoportuno recordar que os rurícolas brasileiros são os que mais preservam o meio ambiente, elaboram as melhores práticas de manejo. Um exemplo. Sem subsídios. E um dos maiores expoentes na produção e fornecimento de alimentos para este Planeta.
As vozes que criticam o agronegócio brasileiro deveriam ser avisadas de que estão falando inverdades, ecoando asneiras. Mesmo assim, seguimos de sol a sol dando o melhor exemplo. Produzindo mais com menos, preservando nosso ecossistema. E vencendo as duras peleias com o tempo.
Néri Perin é advogado e especialista em Direito Agrário.