Soja e milho recuaram nesta quarta-feira
O aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia continua a impulsionar o trigo na bolsa de Chicago. Depois de subirem mais de 7% no pregão de ontem, os contratos do cereal para dezembro, os mais líquidos, avançaram 1,12% (10 centavos de dólar) nesta quarta-feira, a US$ 9,0375 por bushel. Já os lotes de segunda posição, para março do ano que vem, encerraram o dia em alta de 0,88% (8 centavos de dólar), a US$ 9,1525 por bushel.
Em pronunciamento, o presidente russo, Vladimir Putin, ameaçou “usar todos os instrumentos à sua disposição” na guerra contra a Ucrânia e ordenou que reservistas do exército russo se mobilizassem. Os comentários foram entendidos como uma ameaça de uso de armas nucleares. Putin também afirmou que vai anexar os territórios ucranianos invadidos. “Esses sinais de agressão fazem com que os traders questionem a viabilidade do acordo do corredor de exportação de grãos pelo Mar Negro que está em vigor desde julho”, disse a consultoria Agritel, em nota. O rompimento do acordo para exportações de grãos pode provocar uma nova disparada nos preços do trigo em Chicago, que deve voltar aos patamares observados no início da guerra, acima de US$ 12 por bushel, afirma Luiz Pacheco, da TF Consultoria Agroeconômica. “O preço [do trigo] pode voltar a subir porque o abastecimento de grãos no mundo está crítico, devido à seca na Europa e nos EUA, em um momento em que o mercado contava com a oferta da Ucrânia. O fim do corredor pode agravar essa oferta de grãos, já que a Rússia pode sofrer sanções para exportar esses produtos”, frisou Pacheco.
Soja
A soja recuou. Os contratos para novembro, os de maior liquidez, fecharam em queda de 1,18% (17,50 centavos de dólar), a US$ 14,6125 por bushel, e os lotes de segunda posição, para janeiro do ano que vem, também caíram 1,18% (17,50 centavos de dólar), a US$ 14,67 por bushel. O clima úmido no início do plantio das lavouras de soja brasileiras está pressionando os futuros de soja, segundo Terry Reilly, da Futures International. “A previsão do tempo no Brasil melhora esta semana, com chuvas dispersas esperadas na maioria das áreas de cultivo”, disse Reilly, em nota.
As chuvas no início da semeadura brasileira mantêm a expectativa para uma produção que pode chegar a 150 milhões de toneladas na safra 2022/23, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Por outro lado, eventuais atrasos no plantio provocados pelo clima adverso podem sustentar as cotações em Chicago. Milho Nas negociações do milho na bolsa de Chicago, os contratos para dezembro, os mais líquidos, fecharam em queda de 0,94% (6,50 centavos de dólar), a US$ 6,8550 por bushel. Já os papéis de segunda posição, para março do ano que vem, recuaram 0,93% (6,50 centavos de dólar), a US$ 6,9025 por bushel.
Além da colheita nos EUA, os dados de produção de etanol americano, que tem como principal matéria-prima o milho, pressionaram o cereal na sessão de hoje. Segundo dados da Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês), na semana encerrada em 16 de setembro, a produção diária do biocombustível chegou a 901 mil barris, queda de 6,4% na comparação com a semana anterior e também o menor patamar desde fevereiro de 2021. “Os dados da EIA evidenciam uma demanda mais fraca pelo etanol e pelo milho. Isso está levantando preocupações sobre uma desaceleração maior na economia”, disse Phil Flynn, do Price Futures Group, ao “The Wall Street Journal”. Flynn acrescenta que outras questões, como o dólar forte, estão pressionando o milho.
FONTE: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/09/21/commodities-tensao-na-ucrania-volta-a-impulsionar-o-trigo-em-chicago.ghtml