Fertilizantes lideram a alta, que também afeta milho e algodão e pressiona margens dos agricultores
Por Érica Polo — De São Paulo – 26/10/2022
Mesmo com a queda dos preços dos insumos que mais “pesam” no bolso dos produtores agrícolas desde meados do ano, a exemplo dos fertilizantes, os custos de produção desta safra 2022/23, que está em fase de semeadura no país, superam com folga os do ciclo passado. Uma consequência direta é o aperto de margens no campo, o que leva os produtores de grãos a olharem com mais atenção para o futuro.
Em Mato Grosso, Estado que lidera a produção agrícola brasileira, cultivar soja está 67% mais caro na temporada atual do que em 2021/22. O custeio – conta que considera apenas os gastos diretos da produção no campo – da oleaginosa está exigindo um desembolso de R$ 4,9 mil por hectare, de acordo com o cálculo mais recente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). (ver infográfico)
Além dos adubos, sementes e defensivos também ficaram mais caros na comparação como ciclo 2021/22
O custo produtivo total do cultivo de soja, que inclui gastos financeiros e administrativos, alcança R$ 7,6 mil por hectare esupera em 47% o da temporada anterior. No caso do milho, o custo total subiu 30%, para R$ 5,6 mil. Já o investimento totalpara produzir algodão chega a R$ 20 mil por hectare, com alta de 26%.
“No ano passado, os produtores [de grãos em geral] conseguiram comercializar grande parte de suas colheitasantecipadamente – ou seja, antes da alta dos insumos e ao mesmo tempo que os preços dos grãos estavam subindo. Elesconseguiram margens melhores”, afirma Cleiton Gauer, superintendente do Imea. “Isso não é a realidade desta safra”.