Estudo do Cepea comparou despesas e rentabilidade de polos agrícolas brasileiros, argentinos, ucranianos e norte-americanos ao longo de cinco safras
Os altos custos de produção afetam a competitividade de soja e milho brasileiros no mercado internacional, de acordo com um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Para elaborar o levantamento, a instituição considerou os valores médios de duas fazendas típicas de quatro grandes países produtores de grãos no período de cinco safras entre 2016/17 e 2020/21.
Para o Brasil, os pesquisadores consideraram como referência os polos de Sorriso (MT) e Cascavel (PR). O estudo também incluiu dados sobre o cultivo na Argentina (em propriedades localizadas no oeste e na zona norte da província de Buenos Aires), nos Estados Unidos (Iowa e Dakota do Sul) e na Ucrânia (oeste do país e Poltova, na região central). Segundo o levantamento, o custo operacional efetivo médio da produção de soja nas duas regiões brasileiras foi o mais alto nessas cinco temporadas, de US$ 551,7 por hectare. Nas áreas argentina, ucraniana e americana, os custos foram de US$ 269,3 por hectare, US$ 315,5 por hectare e US$ 508,3 por hectare, respectivamente.
Na comparação por volume, a Argentina apareceu mais uma vez com a menor média, de US$ 79 por tonelada. Em seguida ficaram Ucrânia (US$ 134,7 por tonelada), Brasil (US$ 158,1 por tonelada) e Estados Unidos (US$ 162,4 por tonelada). O Cepea ressaltou que a competitividade brasileira foi melhor que a dos EUA porque o rendimento médio foi mais alto no Brasil. No entanto, os custos de produção (fertilizantes, defensivos agrícolas, sementes, diesel e manutenção preventiva das máquinas e mão de obra) são mais altos para os produtores brasileiros.
Milho
No caso do milho, o custo de produção efetivo mais alto no período analisado, de US$ 904,2 por hectare, foi o dos EUA. Na Ucrânia, o custo foi de US$ 640,3 por hectare, no Brasil, de US$ 496,5 por hectare, e na Argentina, de US$ 451,5 por hectare. Por outro lado, o maior custo por tonelada produzida, de US$ 92,4, foi o brasileiro. Na sequência ficaram EUA, com US$ 82,5 por tonelada, Ucrânia, com US$ 80,5, e Argentina, onde o gasto médio foi de US$ 49,8 por tonelada.
O sistema de produção com maior receita líquida operacional média foi o das propriedades típicas dos EUA, de US$ 711 por hectare. Depois, pela ordem, ficaram as fazendas ucranianas (US$ 600 por hectare), argentinas (US$ 469 por hectare) e brasileiras (US$ 336,6 por hectare). No entanto, em termos de rentabilidade, as propriedades argentinas tiveram o melhor retorno financeiro nas cinco safras analisadas pelo Cepea – a alta foi de 146,4%. O retorno das propriedades ucranianas subiu 120,9%; o das norte-americanas, 96,2%; e o das brasileiras, 61,5%.
“O resultado médio das últimas cinco safras mostra que o Brasil tem valores positivos, mas não o suficiente para superar seus principais concorrentes”, disse o Cepea.