Agronegócio começa a se manifestar abertamente a favor da reeleição do presidente
Aliado de primeira hora nas eleições de 2018, o agronegócio começou a se manifestar abertamente a favor da reeleição de Jair Bolsonaro este ano. Representantes da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e a Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), duas grandes entidades representativas do setor a nível nacional, estiveram ontem com o presidente no Palácio do Planalto e declararam novo apoio a ele nas urnas.
Pré-candidato ao Senado pelo PTB em Mato Grosso, o presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, disse que “praticamente 100%” do setor produtivo brasileiro apoia a “sequência” do trabalho de Bolsonaro na Presidência da República. No encontro, que contou com a presença da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o presidente – que estava de aniversário – foi presenteado pelos sojicultores com uma gravata verde. “Viemos agradecer [porque] ele atendeu nossas demandas, nossas pautas”, disse em vídeo divulgado após o encontro. “Estamos juntos lhe apoiando.
O setor praticamente 100% lhe apoia para a sequência do trabalho que você vem fazendo à frente do Planalto”, completou. Defensor de Bolsonaro, Galvan foi alvo de operação da Polícia Federal em agosto do ano passado em ação de busca e apreensão na casa dele em Sinop (MT) por suposta incitação a atos antidemocráticos. O vice-presidente entidade, José Sismeiro, disse que Bolsonaro é uma pessoa “sensata”, que entende os problemas dos agricultores e está atento à questão da segurança alimentar.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) não manifestou apoio institucional a nenhum candidato para o pleito deste ano. Em coletiva em dezembro, o presidente João Martins disse que a entidade é apolítica e apresentará reivindicações a todos os presidenciáveis. O apoio formal a Bolsonaro em 2018 foi “questão de momento”, disse ele, e que poderá não se repetir. Depois da publicação de notícias de que integrantes da entidade haviam se encontrado com o ex-presidente Lula em janeiro, a CNA emitiu nota para esclarecer que “não envia representantes e não realiza encontros paralelos com presidenciáveis e nem com pré-candidatos”.
A Feplana, com forte presença entre os produtores do Nordeste, declarou apoio à reeleição de Jair Bolsonaro “pela defesa do agronegócio e da família”. O setor foi atendido, em 2021, com a autorização da venda direta de etanol das usinas aos postos, medida que tende a favorecer os produtores nordestinos, já que as suas usinas estão fisicamente mais próximas do mercado consumidor e têm mais condições de entregar o produto direto aos consumidores do que as usinas do Centro-Sul. O presidente da Feplana, Alexandre Andrade Lima, foi recebido ontem por Bolsonaro e os ministros da Economia, Agricultura, Minas e Energia, Meio Ambiente e de Turismo para apresentar mais reivindicações.
O segmento quer agora que o governo agilize o andamento de um projeto de lei do deputado Efraim Filho (UniãoPB), que regulamenta a distribuição da receita das usinas com os Créditos de Descarbonização (CBios) com seus fornecedores de cana. Diferentemente dos grandes produtores, a agricultura familiar vai protestar contra o governo Bolsonaro. Sem respostas para as demandas apresentadas há mais de três meses, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (FetagRS) decidiu realizar novas mobilizações para cobrar medidas de apoio aos produtores rurais afetados pela estiagem.
FONTE: https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/03/22/entidades-do-agronegocio-apoiam-bolsonaro.ghtml