Além dos navios ucranianos, gigantes consumidores buscam alternativas de ‘segurança alimentar’ no Mercosul e na Embrapa
O New York pergunta em título “para onde estão indo” os navios da Ucrânia e responde no texto: “Dois para Turquia. Um para Inglaterra. Um para Irlanda. Outros para Itália e China. Nenhum para Iêmen, Etiópia ou outros que enfrentam níveis catastróficos de fome.”
Isso depois que “Zelenski falou ao presidente de Botsuana que estava ‘pronto para ser o garantidor da segurança alimentar do mundo'”. Mas a má vontade americana com o acordo que liberou os navios não é nova — e remete ao fato de os EUA terem ficado de fora da negociação.
A busca por alternativas de segurança alimentar prossegue, de olho agora no Brasil e seus vizinhos. Na alemã Der Spiegel, também com título-pergunta: “O que o trigo dos trópicos pode fazer?” A extensa reportagem destaca que “no Brasil o cultivo de novas variedades que crescem mesmo no calor está em franca expansão”.
O país “quer se mostrar uma solução para a crise alimentar mundial”. Ouvindo o presidente da estatal, a revista diz que “o trigo desenvolvido pela Embrapa poderia muito bem ser cultivado na África subsaariana”.
O portal chinês Guancha publica análise ainda mais extensa do Instituto Liaowang, “think tank” ligado à Xinhua, com mais um título-pergunta: “O ‘celeiro do mundo’ pode compensar a lacuna no suprimento global de alimentos?”. É referência ao Mercosul.
Analisa declarações do chanceler uruguaio, de que vai pressionar o bloco por acordo de livre comércio com a China, e uma entrevista do engenheiro agrônomo José Giacomo Baccarin ao Jornal da Unesp, sobre o efeito das exportações no custo interno dos alimentos.
Diz que, “de fato, esses próprios países enfrentam problemas de fome”, daí eventuais pressões para limitar a venda. Apesar delas, o Mercosul “ainda é a principal fonte mundial de alimentos” e “a China deve tomar providências com antecedência para fortalecer a cooperação”.
CHANCES DE ELEIÇÃO
Na Bloomberg, os preços no Brasil tiveram a maior queda desde 1980 “após Bolsonaro reduzir taxas para elevar suas chances de reeleição”. Sublinha que “ainda assim as pressões inflacionárias permanecem. O custo dos alimentos subiu 1,3%, com o leite subindo 25,46%”.
MULTIPOLARIDADE
Reunindo três pesquisadores de cada país, “think tanks” de Nova Déli e Brasília lançaram “Índia e Brasil na Ordem Global Multilateral”, com estudos para ampliar, a partir das “percepções de multipolaridade compartilhadas” por ambos, a “parceria estratégica” estabelecida em 2006.