Embarques renderam US$ 10,5 bi em fevereiro; importações de fertilizantes cresceram para US$ 1,6 bi
Por Rafael Walendorff — De Brasília – 15/03/2022
As exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 10,5 bilhões no mês passado, 65,8% mais que um ano antes e novo recorde para fevereiro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura. Até agora, o melhor fevereiro da história era o de 2019.
Tanto os preços médios dos produtos exportados quanto os volumes aumentaram as altas foram de 24% e 33,7%, respectivamente -, colaborando para o resultado. Com esses avanços, a participação do agro nas exportações totais do Brasil voltou a crescer e atingiu 45,9%. Em fevereiro de 2021, a fatia foi de 38,7%.
A balança comercial do setor registrou superávit de US$ 9,2 bilhões, uma vez que as importações recuaram 2,1% em fevereiro, para US$ 1,3 bilhão, mesmo com a elevação dos preços médios de diversos produtos importados, como trigo, malte, salmão e óleo de palma.
As importações compiladas pelo ministério não consideram os insumos utilizados no setor, como fertilizantes e defensivos, mas a Pasta divulgou um balanço das compras desses produtos em fevereiro. Os gastos com as compras de adubos aumentaram 124,1% em relação a fevereiro de 2021, para US$ 1,6 bilhão. O preço médio dos nutrientes subiu 128,7%.
“É importante ressaltar que, em fevereiro, o levantamento dos preços internacionais dos fertilizantes feito pelo Banco Mundial indicou incremento médio dos preços de quase 100% nos últimos 12 meses. Para explicitar esse ponto, o volume de fertilizantes que o Brasil importou foi cerca de 2% menor, de 2,9 milhões de toneladas”, disse a Pasta. Os principais fornecedores de fertilizantes em fevereiro foram Rússia, Canadá, China e Omã.
O forte avanço das exportações do agronegócio no mês passado foi puxado pelos embarques de soja em grão, carne bovina in natura, café verde, farelo de soja, carne de frango in natura e trigo – que tradicionalmente figura na cesta de importações do país, mas a disparada dos preços inverteu a mão do comércio do cereal em fevereiro.
O volume dos embarques de soja foi de 6,27 milhões de toneladas, um recorde para o mê e 137% maior que o de fevereiro de 2021, quando o fluxo foi mais fraco que o normal em virtude do atraso da colheita da safra 2020/21. A receita dessas vendas registrou aumento ainda mais expressivo, de 203%, e alcançou US$ 3,1 bilhões. O preço médio da tonelada da oleaginosa subiu 28%, para US$ 501.
A China continua a liderar as importações de soja em grão do Brasil. No mês passado, o volume das compras chinesas subiu 130% e chegou a 4,3 milhões de toneladas, ou 69% do total. O valor dos embarques aumentou 186,6% na comparação com fevereiro de 2021 e chegou a US$ 2,2 bilhões.
Com a normalização das vendas para a China, as exportações de carne bovina in natura cresceram 75,1% e totalizaram US$ 965 milhões. O volume exportado aumentou 42% e o preço médio de exportação, 23,3%. O valor das vendas aos chineses dobrou e chegou a US$ 546,49 milhões, referentes a 87,1 mil toneladas.
Já as vendas externas de carne de frango subiram 26%, para US$ 643,11 milhões. A alta do preço médio de exportação foi de 18,8%, e o volume exportado aumentou 6%.
A receita das exportações brasileiras de café verde subiu 83,5%. O Brasil exportou 208,5 mil toneladas, uma expansão de 9,1% em relação a fevereiro de 2021.
A grande surpresa no prato das exportações foi mesmo o trigo. “As exportações do cereal superaram as importações: US$ 246,3 exportados (836,6 mil toneladas), contra US$ 141,58 milhões importados (498,8 mil toneladas)”, realçou o ministério. Segundo relatório do Cepea/USP, as condições favoráveis de preços no mercado internacional e o aumento da aceitação no exterior do trigo de menor PH, característica do produto nacional, permitiram o aumento dos embarques.
Outras informações sobre a balança do agro estão disponíveis em
www.valor.com.br/agro