Grupo anunciou investimento de R$ 5 milhões na construção de um laboratório para produção de um defensivo biológico em parceria com instituição federal
O Grupo Fictor, com operações diversas no agronegócio, anunciou investimento de R$ 5 milhões na construção de um laboratório para produção de um defensivo biológico, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas.
Phillippe Rubini, sócio do grupo, afirma que o recurso será usado para construir uma unidade de alto padrão, seguindo todas as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Faremos todas as validações da tecnologia para chegar a um produto final. A expectativa é que esteja pronto em dois anos”, diz Rubini. Em um primeiro momento, o biodefensivo será testado nas culturas de soja e milho, tanto na semente encapsulada como diretamente na folha e em outras partes da planta.
O biodefensivo é feito a partir de moléculas extraídas de bactérias e fungos endofíticos (que vivem no tecido vegetal) de plantas. A pesquisadora Adriana Todaro, pós-doutora em biotecnologia, descobriu o potencial desses microrganismos quando procurava ativos biológicos na Caatinga de Alagoas para uso na saúde humana. “Quando estressados, esses microrganismos produzem uma substância que inibe o crescimento de outros microrganismos, como fungos e bactérias”, diz ela.
Em laboratório, a equipe da cientista vai induzir a produção dessas moléculas que serão usadas como uma “vacina” para que quando a planta tenha contato com pragas ou sementes produza mais moléculas para combatê-los.
A área de biodefensivos responde por uma pequena fatia do Grupo Fictor, que também atua em armazenagem e logística. O negócio de corretagem de commodities é o que tem maior peso e representa 95% do faturamento do grupo.
De acordo com Rubini, a projeção é que a receita do grupo saia de R$ 1,2 bilhão e alcance R$ 3 bilhões este ano, com o avanço das exportações de grãos.
A empresa está presente nos Estados de Goiás, Maranhão, São Paulo e Sergipe, além de representações na Bahia e Mato Grosso. Entre seus clientes estão Ambev e JBS.
Rubini afirma que o grupo tem investido em inovação para atender as necessidades dos clientes de sua carteira. Em breve, diz, a ideia é lançar um banco – adquirir um negócio que já existe ou pedir autorização ao Banco Central.
Filho de pequenos produtores de orgânicos, o sócio do Grupo Fictor acredita que os biológicos são um mercado de grande potencial. Por isso, desde que chegou à empresa, há três anos, Rubini vem buscando soluções como essa nas universidades.
“O ouro e o diamante do Brasil são, na verdade, os institutos federais e estaduais. Há gênios sem estrutura e auxílio descobrindo coisas que podem mudar o mundo. O que temos feito é garimpar”, afirma. Além do pesticida, o Fictor já trabalha em um biofertilizante à base de casca de camarão.
Por José Florentino — De São Paulo – 14/06/2023