70% dos integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) conseguiram a reeleição
Na Câmara dos Deputados, 70% dos integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que concorreram à reeleição saíram vencedores das urnas e terão novo mandato por mais quatro anos. Dos 241 membros na Casa, 218 disputaram novas vagas e 153 foram reeleitos. Levantamento da FPA aponta que a bancada terá, ao menos, 158 representantes na nova legislatura. A lista contabiliza apenas a eleição de antigos integrantes que estavam sem mandato e retornam à Câmara e a continuidade dos membros reeleitos.
Atual presidente da FPA, o deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR) confia em um aumento expressivo do número de integrantes para recompor a saída de 65 membros que perderam as eleições e de outros 29 que não tentaram novo mandato na Câmara Federal. “Acredito que teremos uma bancada tão grande ou ainda maior em 2023”, disse ao Valor.
Em 2018, cerca de 40% dos membros da bancada não se reelegeram, mas o colegiado recebeu novos adeptos e iniciou a atual legislatura com 280 parlamentares, na Câmara e no Senado, 30 a mais do que tinha até a eleição passada. Os dirigentes da frente evitam mencionar nomes dos prováveis novos integrantes, mas reforçam o discurso de que não é preciso ser nascido no agronegócio para compor a bancada. “Nos últimos anos, o agro no Brasil venceu a resistência da opinião pública, teremos pautas com o apoio da grande maioria”, disse o deputado reeleito Alceu Moreira (MDB-RS).
O número expressivo de integrantes – a maioria das 513 cadeiras – não significa, porém, voto automático em todas as pautas do agro, até porque a FPA congrega também parlamentares de esquerda. Assim, apesar de conseguir aprovar leis importantes para o setor na atual legislatura, algumas propostas defendidas pela bancada ruralista não avançaram na Câmara Federal, como o marco temporal para demarcação de terras indígenas, regras para bioinsumos e royalties de sementes e alterações no Código Florestal. Nomes importantes do agro ficarão de fora em 2023.
É o caso do ex-ministro da Agricultura e vice-presidente da FPA, Neri Geller (PP-MT), que não venceu a corrida pelo Senado em Mato Grosso, e da coordenadora institucional da bancada, Aline Sleutjes (PSL-PR), derrotada na disputa pela vaga de senadora. A atual diretoria ainda será desfalcada por Celso Maldaner (MDB-SC), Christino Áureo (PP-RJ), Vinícius Poit (Novo-SP) e Hildo Rocha (MDB-MA), coordenadores de áreas temáticas da FPA. Já o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), deputado José Mário Schreiner (MDB-GO), decidiu não disputar a reeleição, mas conseguiu eleger a sucessora Marussa Boldrin (MDB-GO), ligada ao agro. Jerônimo Goergen (PP-RS), outro nome atuante no setor, também optou por não disputar as eleições. Vice-presidentes da FPA nas regiões Centro-Oeste e Norte, os deputados Nelson Barbudo (PSL-MT) e Paulo Bengtson (PTB-PA) não foram reeleitos.
O ex-deputado Valdir Colatto (PL-SC), que foi diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) do Ministério da Agricultura na gestão de Tereza Cristina, não conseguiu retornar à Câmara. “Precisamos analisar os motivos locais e regionais, a política é muito diversa. Mas estão vindo novos aguerridos do setor”, disse Sérgio Souza. Por outro lado, parlamentares ativos na FPA conquistaram novo mandato, como é o caso do próprio Souza. A lista inclui também o coordenador político da bancada na Câmara e provável futuro presidente do colegiado, Pedro Lupion (PP-PR), e o atual presidente da Comissão de Agricultura, Giacobo (PL-PR). Evair de Melo (PP-ES), vicepresidente do grupo, também foi reeleito. A bancada conta ainda com o retorno de Alberto Fraga (PL-DF), Fábio Garcia (UniãoMT), Geraldo Resende (PSDB-MS), Dilceu Sperafico (PP-PR) e Mendonça Filho (UniãoPE), que estavam fora do Congresso Nacional e foram eleitos para novos mandatos a partir de 2023.