Ministro e equipe participam de encontros no FMI, no G20 e com o setor privado em Washington
Por Estevão Taiar — De Brasília
A segurança alimentar e a segurança energética pautarão as reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e do G20 que serão realizadas nesta semana, em Washington (EUA). A avaliação é de uma fonte do Ministério da Economia, para quem o Brasil tem condições de se apresentar como uma espécie de destaque global em ambas as frentes.
“Serão os grandes temas da semana“, diz a fonte. “O Brasil se posicionará como uma solução neste contexto tão adverso.”
Segundo a fonte, o país é “um porto seguro” para investimentos, porque “fez a lição de casa, com reformas domésticas”. “Isso nos torna de certa maneira mais resilientes em um ambiente adverso, turbulento”, afirma.
Como exemplos do comprometimento do Brasil no combate às mudanças climáticas, a fonte cita o Programa Nacional de Crescimento Verde, lançado no ano passado, o Recicla+, apresentado na semana passada, e a adesão à declaração de ministros do meio ambiente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no fim de março. Também destaca que a energia eólica já representa 12% da matriz energética brasileira, além de chamar a atenção para investimentos em energia solar, biocombustíveis e hidrogênio verde.
“O Brasil é o país mais limpo do G20 em termos de geração de energia”, diz. “Na questão da alimentação, já somos supridores importantes para o mundo e podemos continuar a ser cada vez mais.”
O discurso é semelhante ao que integrantes do Ministério da Economia vêm fazendo publicamente, como forma de atrair a atenção de investidores. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem afirmado, por exemplo, desde o fim de 2020 que o Brasil é a “maior fronteira de investimentos do mundo”.
Outros assuntos devem ser abordados ao longo dos encontros, não necessariamente na ordem de importância, como: riscos à economia global, oriundos da guerra na Ucrânia e das “tensões” decorrentes da guerra, logo após a fase mais grave da pandemia; cadeias globais de valor e aumento dos custos de transporte; maior financiamento tanto para países pobres combaterem a pandemia atual quanto para políticas globais de antecipação a uma futura nova pandemia; canalização de recursos privados para combater as mudanças climáticas; “vulnerabilidade” de dívida dos países mais pobres e mudanças nas regras de direitos especiais de saque (SDR, na sigla) do FMI.
“Há uma discussão sobre como canalizar recursos adicionais para apoiar países que estejam nessa situação de vulnerabilidade”, afirma a fonte. Parte dessa canalização seria realizada por meio de mudanças nos mecanismos atuais do FMI e parte por meio do Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, em construção pelo órgão.
Além de Guedes, a missão brasileira terá três secretários da pasta: especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Roberto Fendt, de Assuntos Econômicos Internacionais, Erivaldo Alfredo Gomes, e de Comércio Exterior, Lucas Ferraz.
Os encontros desta semana são a primeira de duas grandes rodadas anuais de reuniões dos organismos multilaterais econômicos. Amanhã, Guedes participará de reunião do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS, na sigla em inglês), ‘think tank’ localizado em Washington. Na quarta-feira ocorre a reunião do G20. Para quinta-feira estão marcados os encontros do FMI e do Banco Mundial. Paralelamente aos eventos, o ministro terá reuniões com representantes do setor privado. A tendência é que Guedes conceda entrevista coletiva no fim da viagem. Ministro e equipe voltam ao Brasil no sábado.