Recuo em junho foi de 2,3%; em 12 meses, no entanto, indicador subiu mais de 23%
Por Érica Polo, Valor — São Paulo
Em junho, os preços dos alimentos no mundo recuaram pelo terceiro mês consecutivo, informou hoje (8/7) a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O índice de preços da entidade registrou média de 154,2 pontos no mês passado, o que representou uma queda de 2,3% em relação aos 157,4 pontos de maio, mas ficou ficou 23,1% acima do patamar de junho de 2021.
A queda do indicador no último mês deveu-se principalmente às baixas nos preços internacionais de óleos vegetais, cereais e açúcar, segundo a FAO. Lácteos e carnes, em contrapartida, aumentaram. Safra será recorde, mas os alimentos devem seguir caros• Importação de lácteos cresce 30%, mesmo com dólar em alta•
O índice de cereais caiu 4,1% em relação a maio, para 166,3 pontos, mas ficou 27,6% acima do nível de junho de 2021. Depois de atingir um nível quase recorde em maio, os preços internacionais do trigo recuaram 5,7% no mês passado, mas ainda subiram 48,5% em relação a junho de 2021.
“O declínio em junho foi impulsionado pela disponibilidade sazonal de novas colheitas no hemisfério norte, melhores condições de safra em alguns dos principais produtores, incluindo o Canadá, perspectivas de produção mais altas na Federação Russa e demanda de importação global mais lenta”, explica a FAO.
No milho, o declínio de 3,5% foi puxado pela disponibilidade sazonal na Argentina e no Brasil, onde as colheitas progrediram rapidamente, e pela melhora das condições de colheita nos Estados Unidos. Segundo a organização, as preocupações com as perspectivas de demanda, decorrentes dos sinais de desaceleração econômica, também pressionaram os preços.
O índice de óleos vegetais, por sua vez, recuou 7,6%, para uma média de 211,8 pontos, devido à queda dos preços dos óleos de palma, girassol, soja e canola. As cotações internacionais do óleo de palma caíram pelo terceiro mês consecutivo em junho, reflexo do aumento da oferta nos principais países produtores e de perspectivas de aumento das exportações da Indonésia, que está com estoques domésticos elevados.
Em lácteos, a média foi de 149,8 pontos em junho, patamar 4,1% superior ao de maio e 24,9% acima do registrado há um ano. Os preços internacionais de todos os produtos lácteos aumentaram no mês passado, com destaque para o queijo, em virtude da demanda forte e da baixa oferta global de matéria-prima, que persiste.
O índice de preços da carne aumentou 1,7% em relação a maio, alcançou 124,7 pontos em junho e estabeleceu um novo recorde ao superar em 12,7% o valor de junho de 2021. Assim como no caso dos lácteos, os preços internacionais de todos os tipos de carne aumentaram, diz a FAO.
As cotações de aves subiram acentuadamente, atingindo patamar histórico, sustentado pelo persistente aperto na oferta global causado pela guerra na Ucrânia e pelos surtos de gripe aviária no Hemisfério Norte. O aumento ocorreu a despeito de a China já ter encerrado as restrições de importação de carne do Brasil, disse a FAO.
Os preços da carne suína tiveram leve recuperação, puxada pelo aumento da demanda. Os preços internacionais da carne ovina também subiram, em grande medida por causa da queda dos volumes exportáveis da Nova Zelândia.
O açúcar alcançou média de 117,3 pontos em junho, uma queda de 2,6% em relação a maio, marcando o segundo recuo mensal consecutivo e atingindo seu nível mais baixo desde fevereiro. A desaceleração do crescimento econômico mundial pesou sobre a demanda internacional da commodity.
Do lado da oferta, as boas perspectivas de disponibilidade global continuaram a exercer pressão sobre os preços. Além disso, a desvalorização do real em relação ao dólar e a queda nos preços do etanol no Brasil levaram os produtores a aumentar a produção de açúcar, contribuindo para o aumento da oferta no mês passado.
FONTE:
https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/07/08/precos-globais-de-alimentos-caem-pelo-terceiro-mes-seguido-diz-fao.ghtml