Bahia tem produtividade de 5,7 toneladas por hectare, 82% a mais do que no Sul
Com a safra de grãos de 2021/22 praticamente definida, o trigo foi uma das surpresas neste ano. Preços e demanda favoráveis, tanto no mercado interno como no externo, fizeram os produtores aumentar a área de plantio em 8%, para 2,96 milhões de hectares. Além do aumento de área, o Brasil deverá ter condições climáticas mais favoráveis, o que eleva a produtividade média nacional para 3,1 toneladas por hectare, 10,5% superior ao da safra anterior. Área e produtividade maiores permitirão ao país chegar a uma safra recorde de 9,2 milhões de toneladas, 19% a mais do que na anterior.
Sem esse aumento de produção, o país passaria por dificuldades no abastecimento deste cereal, uma vez que as exportações de agosto de 2021 a julho de 2022 atingiram o recorde de 3 milhões de toneladas. O trigo é uma das poucas culturas em que o país ainda é bastante dependente do mercado externo. O cenário melhor na produção de trigo se deve aos produtores do Rio Grande do Sul, que vão semear 1,4 milhão de hectares, 18% a mais do que no ano passado. Já os paranaenses, apesar dos bons preços internos, optaram pelo milho e reduziram a área plantada de trigo em 4% no período, segundo acompanhamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Além do Sul, Nordeste e Sudeste também vão plantar mais, com aumentos de 15% e 28%, respectivamente, nas áreas do cereal.
A área de cultivo da Bahia ainda é pequena, mas a irrigação da cultura permitirá ao produtor do estado obter 5,7 toneladas por hectare, 82% a mais do que a média da região Sul, principal produtora. O aumento de produção eleva os estoques finais da safra 2022/23 para 1,6 milhão de toneladas, bem acima das 726 mil da safra anterior. Esse patamar, no entanto, ainda é 37% inferior à média anual de 2,5 milhões de toneladas de 2016 a 2020. No mercado interno, a tonelada de trigo foi negociada a R$ 2.005 no Paraná nesta quinta-feira (11), com queda em relação ao final de julho, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). No mercado externo, também em queda, a oferta de produto ainda é incerta, uma vez que o clima quente afeta as safras da Europa e dos Estados Unidos. Além disso, é impossível determinar o potencial de produção da Ucrânia na próxima safra. Um dos principais fornecedores do mercado mundial, o país tem o plantio afetado pela guerra com a Rússia.
Uma eventual queda de produção no Hemisfério Norte, desde que os preços sejam favoráveis, levará mais produto brasileiro para o mercado externo. A produção total de grãos da safra 2021/22 deverá atingir 271,4 milhões de toneladas, um volume recorde, mas bem abaixo das estimativas iniciais de 290 milhões de toneladas. Essa queda se deve à produção de soja que, estimada em 144 milhões, ficou em 124 milhões.
Mercado externo
Os preços das commodities voltaram a subir, devido às incertezas na safra dos americanos. A soja teve alta de 0,7%; o milho, de 1,3%; e o trigo, de 1,4%, conforme negociações na Bolsa de Chicago. Café O clima seco tem favorecido a colheita de café no Brasil, segundo o Rabobank. Até o início deste mês, 83% da área de café já estava colhida, segundo consultorias privadas, relata o banco. Arroz As exportações de julho cresceram e atingiram o maior volume mensal do ano, somando 207 mil toneladas do produto em casca. Cuba, Peru e Venezuela estão entre os principais destinos, segundo a Abiarroz, entidade do setor.
Só filé
Os frigoríficos brasileiros tiveram polpudos lucros líquidos no segundo trimestre deste ano. O JBS terminou o período com lucro líquido global de R$ 4 bilhões; o Marfrig, com R$ 4,3 bilhões; e o Minerva, com R$ 425 milhões.