Conflito provoca aumento dos preços de cereais e óleos
KIEV e ESTOCOLMO | AFP A produção de trigo na Ucrânia pode cair 40% para a temporada 2022-23 e as exportações 50% devido à guerra com a Rússia, anunciou nesta quarta-feira (1º) a Associação Ucraniana de Cereais. A associação, que reúne produtores e exportadores de cereais, disse que esperava uma colheita de 19,2 milhões de toneladas de trigo para esta temporada, “muito abaixo do recorde” da campanha 2021-2022, quando recolheram 33 milhões de toneladas.
“Apesar da ocupação dos territórios e campos minados, a Ucrânia se abastecerá de grãos e poderá exportar parte da colheita”, disse a associação em um comunicado. Com 19 milhões de toneladas, a produção continua sendo três vezes maior que o consumo anual de trigo na Ucrânia. A essa produção somam-se também às reservas da colheita anterior, de 10 milhões de toneladas, segundo a mesma fonte.
As exportações poderiam alcançar cerca de 10 milhões de toneladas de trigo para a temporada 2022-2023, segundo a associação. Durante a temporada 2021-2022, a Ucrânia exportou 20 milhões de toneladas, segundo o ministério da Agricultura dos Estados Unidos.
Quanto ao milho, espera-se que a colheita para a temporada 2022/23 alcance os 26,1 milhões, 30% a menos que no ano passado, com cerca de 15 milhões de toneladas para a exportação, segundo a associação ucraniana. Segundo o ministério, a Ucrânia exportou 27 ,5 milhões de toneladas de milho em 2021/22.
Rússia e Ucrânia representam juntas 30% das exportações mundiais de trigo. Mas o conflito provocou um aumento dos preços de cereais e óleos.
CHEFE DA ONU PEDE AÇÃO PARA AMENIZAR ‘CRISE ALIMENTAR’
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta quarta uma ação rápida e decisiva para garantir um “fluxo constante de alimentos”, devido às consequências da guerra nos mercados mundiais.
Em uma intervenção em Estocolmo, Guterres declarou que “a guerra deve terminar agora”, condenando a invasão russa da Ucrânia como “uma violação de sua integridade territorial e da Carta da ONU”.
“Está causando imenso sofrimento, destruição e devastação do país, mas também inflama uma crise global tridimensional em matéria de alimentos, energia e finanças que atingindo as pessoas, os países e as economias mais vulneráveis”, disse o diplomata português, em uma coletiva de imprensa.
Guterres ressaltou a necessidade de se adotar “uma ação rápida e decisiva para garantir um fluxo constante de alimentos e de energia”, incluindo “a suspensão das restrições à exportação, a alocação de excedentes e reservas para populações vulneráveis e que se aborde o aumento dos preços dos alimentos”.
Rússia e Ucrânia produzem cerca de 30% da oferta mundial de trigo.