Produtores rurais estão entre os 300 mil reservistas convocados pelas forças armadas do país na última semana
Por Polina Devitt — Reuters, de Moscou 28/09/2022
Há agricultores entre os reservistas que estão sendo convocados para integrar as forças armadas da Rússia, disse ontem o presidente do país, Vladimir Putin, em reunião com autoridades. A possível diminuição da força de trabalho no campo sugere novos problemas na safra 2023 do maior exportador de trigo do mundo, que já havia enfrentado contratempos na semeadura de grãos de inverno – as chuvas atrasaram os trabalhos.
O outono no Hemisfério Norte (de setembro a dezembro) é uma estação movimentada para os agricultores. Nesse período ocorre o plantio do trigo de inverno da safra do ano seguinte e a colheita de soja e sementes de girassol.
“Eu também gostaria de me dirigir aos chefes regionais e de empresas agrícolas. Dentro da mobilização [militar] parcial, os trabalhadores agrícolas também estão sendo convocados. As famílias deles precisam de apoio. Peço a vocês uma atenção especial a essa questão”, disse Putin durante a reunião, que teve transmissão ao vivo pela TV.
Na última quarta-feira, a Rússia anunciou a convocação de 300 mil reservistas para o que Moscou chama de operação militar especial na Ucrânia. A mobilização, a primeira do gênero no país desde a Segunda Guerra Mundial, provocou uma corrida para as fronteiras de homens elegíveis e um desconforto na população em geral.
Áreas do sul e do centro do país que fazem fronteira com a Ucrânia, como a região de Kursk, estão entre as maiores produtoras de grãos da Rússia. Na reunião, Putin também afirmou que os russos caminham para uma colheita de grãos recorde, de 150 milhões de toneladas, neste ano. Só a produção de trigo será de 100 milhões de toneladas.
FONTE: https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/09/28/russia-tera-agricultores-na-guerra.ghtml